Em DCI, Por Liliana Lavoratti
Mudanças radicais na gestão dos estados
Novos governadores terão de inovar para evitar o retrocesso nas áreas sociais e econômica nos próximos anos, diante da escassez de recursos
A nova safra de governadores terá de realizar mudanças radicais na forma de gerir os estados para evitar a estagnação e até o retrocesso nos campos econômico e social nos próximos anos. É o que prevê a consultoria Macroplan, com base em seu estudo Desafios da Gestão Estadual (DGE, www.desafiosdosestados.com) que, em sua quarta edição, avalia o desempenho das unidades da federação na última década e traz projeções para 2022. Foram analisados 32 indicadores de 10 áreas – educação, capital humano, saúde, segurança, infraestrutura, desenvolvimento econômico, juventude, desenvolvimento social, condições de vida e institucional.
População com baixa tolerância
O estudo destaca que os estados tiveram melhorias muito heterogêneas e até mesmo aqueles com as melhores posições ainda têm muito a avançar. O diretor da Macroplan e coordenador do estudo, Gustavo Morelli, destaca que nos próximos quatro anos haverá uma escassez estrutural de recursos à disposição dos governos estaduais e alerta que os novos governadores terão que lidar com uma população pouco tolerante com a má qualidade e o elevado custo dos serviços básicos, bem como os desvios éticos, a corrupção e má destinação dos recursos públicos.
Mortalidade infantil ainda elevada
Mantida a trajetória dos últimos cinco anos, apenas três estados atingirão, em 2022, a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% das crianças na creche. Seguindo a tendência da última década, nenhum estado alcançará as suas metas do IDEB do ensino médio em 2021. Apesar dos avanços na última década, as projeções para 2022 indicam que a maioria dos estados ainda terão índices de mortalidade infantil superiores ao considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 10 por mil nascidos vivos.
Diagnóstico preciso e foco na ação
Em 2022, o acesso a saneamento básico adequado tende a estar distante da universalização na maioria dos estados, enfatiza o estudo da Macroplan. Para a coordenadora técnica do estudo, Adriana Fontes, é preciso acelerar a velocidade dos avanços e as boas práticas de outros estados podem ajudar nesse processo. O estudo mapeou as iniciativas adotadas onde houve grandes avanços nos indicadores. As práticas apontam para a importância de diagnósticos precisos do problema, ações integradas e gestão com foco em resultados e uso intensivo de dados.
Continuidade de políticas
Para a Macroplan, os governadores terão que inovar e profissionalizar a gestão, cujos desafios serão cada vez maiores e, em alguns aspectos, diferentes dos enfrentados até alguns anos atrás. A consultoria recomenda, ainda, maior atenção à continuidade das políticas que apresentem bons resultados. “Se a cada quatro anos tivermos uma interrupção no conjunto de políticas, vamos continuar com dispersão de recursos e esforços sem conseguir produzir resultados relevantes”, alerta Gustavo Morelli. Infelizmente, isso dependerá de algo mais profundo, uma mudança de cultura.