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Desafios e oportunidades do Planejamento com cenários prospectivos

1 de abril de 2016
Planejar as ações futuras de uma empresa e conduzi-la ao crescimento no longo prazo exige decisões cada vez mais complexas e desafiadoras para executivos e líderes empresariais. Diante de incertezas políticas, econômicas e setoriais — nacionais ou internacionais –, as empresas devem estar preparadas para antecipar e enfrentar rupturas, além de lidar com eventos não previstos. E é por isso que o método de Planejamento Estratégico com base em Cenários Prospectivos tem ganhado força no Brasil e atraído empresas de diversos segmentos. Para entender melhor esse método, entrevistamos a Andrea Belfort, consultora Sênior da Macroplan. Confira:
1. Qual a principal diferença entre os dois métodos: o planejamento com base em cenários e o tradicional? 
Andrea Belfort: Os dois métodos analisam o ambiente externo à organização. No entanto, o Planejamento sob cenários o faz, construindo hipóteses que permitem desenhar futuros alternativos plausíveis, possibilitando às empresas se prepararem para lidar com diversas possibilidades. É importante ressaltar que, em um mundo cada vez mais incerto, no qual a descontinuidade é o ‘novo normal’, está cada vez mais arriscado tomar decisões com base em uma única configuração de futuro, como é feito no planejamento estratégico tradicional. Ignorar as diversas possibilidades, sem ao menos avaliar seus riscos, torna a escolha estratégica mais simples, porém bem mais perigosa. ‘É quase um salto sem rede de proteção’.
2. Para fazer esse tipo de planejamento, quais são as etapas de trabalho? Em linhas gerais, pois acredito que depende de cada caso.
Andreá Belfort: Em linhas gerais, são sete etapas que compõem o Planejamento Estratégico sob cenários: 1º análise retrospectiva e da situação atual, 2º mapeamento de tendências e incertezas, 3º construção de cenários alternativos, 4º análise das potencialidades e vulnerabilidades da empresa, 5º desenho da Estratégiaem face dos cenários e considerando a análise interna, 6º desdobramento da Estratégia em metas, projetos e ações, 7º elaboração, execução e controle dos planos de ação. Ao longo do tempo, é realizado o monitoramento das incertezas do ambiente, dos cenários elaborados e da evolução da estratégia da empresa para antecipar mudanças e redirecionar os rumos se necessário.
3. Comparando os dois métodos, qual o principal ganho de quem opta pelo Planejamento sob cenários?
Andrea Belfort: Um dos grandes diferenciais do Planejamento Estratégico sob cenários é considerar a incerteza do ambiente externo, buscar compreendê-la e administrá-la na medida do possível, de forma a antecipar ameaças e oportunidades para os negócios e para a atuação da empresa e, assim, fazer escolhas mais inovadoras e sintonizadas com o futuro. Com isso, a organização pode ganhar muito em competitividade.
4. Esse planejamento se aplica a qualquer tipo de organização? Em quais casos é melhor indicado?
Andrea Belfort: Esse método pode ser aplicável a qualquer tipo de organização, seja uma empresa em um ambiente competitivo, seja uma instituição pública ou um governo. As diferenças residem em geral na escolha estratégica a ser feita sob cenários. Os governos, por exemplo, utilizam o melhor cenário para balizar a construção do futuro desejado, desenvolvendo, em seguida, estratégias para a construção desse futuro no longo prazo. Já as empresas geralmente optam por apostar em um cenário mais favorável, ou um cenário com maior probabilidade de ocorrência, ou ainda não apostar em nenhum deles, traçando estratégias robustas o suficiente para navegar em qualquer cenário. 
5. No caso da Macroplan, existe algum trabalho diferenciado nesse tipo de planejamento?
Andrea Belfort: A Macroplan tem uma metodologia customizada e amplamente testada na construção de cenários e no planejamento estratégico sob cenários, já tendo realizado mais de 80 análises prospectivas e construção de cenários no Brasil para 28 clientes em diferentes setores, como economia, energia, governo, indústria, agronegócio e farmacêutico, entre outros. Para isso, conta com uma equipe multidisciplinar de diferentes áreas para o desenvolvimento do trabalho.
6. Para realizar esse tipo de serviço, qual é o perfil de equipe necessário?
Andrea Belfort: A equipe deve ser o mais multidisciplinar possível. A abordagem de cenários ressalta as incertezas e hipóteses distintas sobre os comportamentos destas variáveis no futuro. Sua riqueza está em explorar as divergências de forma a expandir os modelos mentais dos decisores. Portanto, requer que todos os aspectos sejam avaliados sob diversas perspectivas, e será melhor desenvolvido se puder contar com profissionais de diversas áreas, sejam economistas, engenheiros, administradores ou sociólogos, antropólogos e cientistas políticos. Muitas vezes, é necessário agregar especialistas com conhecimento aprofundado dos diversos segmentos estudados para a construção de cenários. Além disso, é essencial que essa equipe esteja aberta ao desconhecido, a explorar novas formas e possibilidades de analisar qualquer fenômeno. Ou seja, é preciso ter ‘mente aberta para pensar fora da caixa’.