Assim como há 10 anos, o Espírito Santo se manteve como o 8º Estado mais desenvolvido do país. Retrocessos em áreas como desenvolvimento econômico, educação e juventude foram compensados por melhorias na área institucional e em segurança. Mesmo assim, esse último item ainda é o pior indicador do Estado conforme o estudo Desafios da Gestão Estadual (DGE), realizado pela consultoria Macroplan.
A pesquisa faz um raio-X das 27 unidades da federação (26 Estados e o Distrito Federal), com base em dados de 2015, apontando os avanços e os retrocessos, e estabelecendo um ranking de desenvolvimento.
Para definir a análise, a Macroplan utiliza o Índice dos Desafios de Gestão Estadual (IDGE), que abrange 28 indicadores de nove áreas: educação, saúde, segurança, juventude, infraestrutura, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, condições de vida e institucional.
Apesar de se manter estável no ranking, o Estado teve na década o quinto maior crescimento do Brasil, sendo o mais significativo da região Sudeste, indo de 0,551 pontos para 0,735. Pela pesquisa, quanto mais próximo da nota 1, melhor é o desempenho. São Paulo lidera o ranking.
Na educação, o Espírito Santo caiu da 6ª para a 7ª colocação na década, mas apresentou melhora comparado com 2014, quando ficou em 9º. Outra perda foi no desenvolvimento econômico, que leva em conta a renda domiciliar per capita, o coeficiente de Gini (desigualdade de renda) e o percentual de pobres. Nessa área o Estado hoje está em 10º, mas era 9º em 2005.
Em juventude, que é considerada por especialistas uma das áreas mais estratégicas, os capixabas também perderam uma posição. O cálculo avalia o percentual de jovens Nem Nem Nem (não estudam, não trabalham e não buscam emprego), de gravidez precoce e de jovens que possuem o ensino superior.
AVANÇOS
O Estado registrou crescimento do índice em seis das nove áreas nos últimos dez anos. O maior deles foi na segurança, que era a pior do Brasil em 2005 e hoje está na 14ª colocação. No entanto, este continua sendo o pior desempenho e o maior problema dos capixabas, segundo a pesquisa.
“Puxado pela redução da taxa de homicídios e da de óbitos em acidentes de trânsito, o Espírito Santo avançou nessa área, mas sem dúvidas permanece como o grande desafio”, destaca o presidente da Macroplan Consultoria, Claudio Porto.
Após a diminuição dos homicídios, o indicador que mais ganhou posições foi a transparência, que saltou da 8ª posição, em 2010, para o 1º lugar em 2014. Já o que mais retraiu foi a nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dos anos finais do Ensino Fundamental, que caiu de 3º para 11º na década.
“Se o Estado continuar nesse ciclo de melhoria contínua, a tendência é que em 2018 ele já passe Minas Gerais, que vem caindo, e em 2022 ingresse na primeira divisão, dos mais desenvolvidos. Mas para isso é preciso melhorar, especialmente na segurança, na área de juventude, e no desenvolvimento social e econômico”, avalia.
BRASIL
A média nacional do IDGE foi de 0,689 pontos. A pesquisa identifica avanços importantes em todas os Estados na década 2005-2015, mas destaca uma desaceleração da velocidade do crescimento do índice a partir de 2011 e um expressivo retrocesso no biênio 2014-2015.
Em comparação com o ano anterior, das 27 UF, 24 recuaram nas dimensões econômica e social. “Desde 2005, o Brasil não havia experimentado retração tão intensa”, pontua Gustavo Morelli, diretor responsável pelo estudo, que aponta ainda que os próximos anos devem ser os mais difíceis. “Os governos deverão conviver com uma acentuada escassez de recursos e pressões sociais para fazer mais e melhor com menos recursos.”