Gestão Estadual

Poucos estados atingirão metas sociais nos próximos anos. Inovação na gestão será relevante para gerar resultados

12 de dezembro de 2018

Em DCI, Por Liliana Lavoratti

Mudanças radicais na gestão dos estados
Novos governadores terão de inovar para evitar o retrocesso nas áreas sociais e econômica nos próximos anos, diante da escassez de recursos

A nova safra de governadores terá de realizar mudanças radicais na forma de gerir os estados para evitar a estagnação e até o retrocesso nos campos econômico e social nos próximos anos. É o que prevê a consultoria Macroplan, com base em seu estudo Desafios da Gestão Estadual (DGE, www.desafiosdosestados.com) que, em sua quarta edição, avalia o desempenho das unidades da federação na última década e traz projeções para 2022. Foram analisados 32 indicadores de 10 áreas – educação, capital humano, saúde, segurança, infraestrutura, desenvolvimento econômico, juventude, desenvolvimento social, condições de vida e institucional.

População com baixa tolerância

O estudo destaca que os estados tiveram melhorias muito heterogêneas e até mesmo aqueles com as melhores posições ainda têm muito a avançar. O diretor da Macroplan e coordenador do estudo, Gustavo Morelli, destaca que nos próximos quatro anos haverá uma escassez estrutural de recursos à disposição dos governos estaduais e alerta que os novos governadores terão que lidar com uma população pouco tolerante com a má qualidade e o elevado custo dos serviços básicos, bem como os desvios éticos, a corrupção e má destinação dos recursos públicos.

Mortalidade infantil ainda elevada

Mantida a trajetória dos últimos cinco anos, apenas três estados atingirão, em 2022, a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), de 50% das crianças na creche. Seguindo a tendência da última década, nenhum estado alcançará as suas metas do IDEB do ensino médio em 2021. Apesar dos avanços na última década, as projeções para 2022 indicam que a maioria dos estados ainda terão índices de mortalidade infantil superiores ao considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 10 por mil nascidos vivos.

Diagnóstico preciso e foco na ação

Em 2022, o acesso a saneamento básico adequado tende a estar distante da universalização na maioria dos estados, enfatiza o estudo da Macroplan. Para a coordenadora técnica do estudo, Adriana Fontes, é preciso acelerar a velocidade dos avanços e as boas práticas de outros estados podem ajudar nesse processo. O estudo mapeou as iniciativas adotadas onde houve grandes avanços nos indicadores. As práticas apontam para a importância de diagnósticos precisos do problema, ações integradas e gestão com foco em resultados e uso intensivo de dados.

Continuidade de políticas

Para a Macroplan, os governadores terão que inovar e profissionalizar a gestão, cujos desafios serão cada vez maiores e, em alguns aspectos, diferentes dos enfrentados até alguns anos atrás. A consultoria recomenda, ainda, maior atenção à continuidade das políticas que apresentem bons resultados. “Se a cada quatro anos tivermos uma interrupção no conjunto de políticas, vamos continuar com dispersão de recursos e esforços sem conseguir produzir resultados relevantes”, alerta Gustavo Morelli. Infelizmente, isso dependerá de algo mais profundo, uma mudança de cultura.