Final antecipado: Temer não conclui o seu mandato, sofre impeachment – em face a provas avassaladoras da Lava Jato e perde sustentação política – ou é cassado pelo TSE e/ou é ‘atropelado’ por uma escalada de violência e/ou simplesmente renuncia. Este cenário, já mapeado nesta coluna com base nas análises dos cientistas políticos Octavio Amorim e Carlos Pereira, antecipa um ambiente de imediata paralisia decisória com deterioração das expectativas econômicas e agravamento das tensões políticas. Há chances de emergir um quadro de ingovernabilidade, que coexistirá com fortes movimentos especulativos no mercado em meio a ‘surtos’ de pânico e forte instabilidade no curto prazo. Tem 20% de probabilidade.
O segundo cenário é de um progressivo processo de ‘sarneyzação’: o Governo Temer só consegue realizar alguns ajustes econômicos pontuais e, consequentemente, perde a confiança dos mercados. Sua agenda de reformas é ‘desidratada’, especialmente a da previdência.
Acumula derrotas no Legislativo e enfrenta uma progressiva deterioração de expectativas dos agentes econômicos. Além disso, sofre seguidos revezes com ‘ondas’ de violência nas ruas e dentro dos presídios. O núcleo do Governo e de sua base de sustentação política sofre acentuado enfraquecimento com a crise da segurança e/ou a operação Lava Jato e ações correlatas, combinado com uma ampliação das práticas de fisiologismo e ‘varejo político’. ‘Aos trancos e barrancos’ o Governo Temer consegue chegar ao final, mas sem nenhuma influência nas eleições de 2018. A Macroplan estima em 30% a probabilidade deste cenário.
O terceiro cenário é de sucesso parcial: o Governo Temer tira o Brasil da ‘UTI econômica’, implanta o teto dos gastos, emplaca uma reforma da previdência razoável, melhora o clima econômico e o Brasil acelera o crescimento a partir de 2018. A crise da segurança é contida, embora ainda exiba alguns ‘surtos’ (e sustos) ocasionais.
A fase mais aguda da crise econômica é superada, embora subsistam muitos obstáculos estruturais para um novo ciclo de crescimento sustentado, em face das resistências políticas a medidas mais drásticas e ao significativo passivo de problemas econômicos herdados. As dificuldades políticas decorrentes dos impactos da evolução da operação Lava Jato e eventos correlatos também criam embaraços a uma atuação mais desenvolta. A Macroplan considera que atualmente este cenário tem uma chance de 40%, sendo o mais provável para 2017-2018.
Finalmente, um cenário de sucesso amplo é avaliado pela Macroplan como o menos provável entre os quatro apresentados, com somente 10% de chance. O Governo Temer não somente reanima a economia, mas também viabiliza os ajustes econômicos e políticos essenciais e dá partida a um vigoroso ciclo de reformas, com grande melhoria nas expectativas econômicas, embora o saldo de desempregados ainda seja expressivo em 2018.
Fortalecendo-se, começa a enfrentar com desenvoltura e método a crise da segurança, impondo uma coordenação efetiva das iniciativas federais e estaduais para implantar medidas estruturantes. Esta mudança, em combinação com a reversão do ciclo econômico, leva o Brasil a retomar um crescimento forte a partir de 2018. Temer deixa um legado de grandes reformas, mas sua popularidade permanece baixa, pois os principais efeitos benéficos dessas mudanças só aparecerão no médio e longo prazos. Um cenário difícil de se acreditar na conjuntura atual, mas não totalmente impossível de acontecer.